Contact with nature is a part of the Norwegian lifestyle. Like I said on previous posts, Norwegians appreciate fresh air and go hiking frequently. The kids spend a lot of time outdoors and so do the adults. I’d say half of my Norwegian friends have gone camping (including my husband). My wish to go camping has grown since we had a warm and beautiful Summer two years ago. I had no experience though.
The only time I went camping in Brazil was when I was nine years old. We were four children that slept in a tent in the playground area of our building. We had one of our best adventures that night. I remember every detail. One of the coolest parts was the next morning, the sensation of mission accomplished, feeling so brave. All neighbors came by to our tent to say good morning and ask if we had a good time.
This Summer 2020 we decided to go on a road trip in Norway. A camping night would fit perfectly.
The decision. Ok, this Summer we’re gonna do it. Our child is big enough to understand and enjoy. I confess I was the most excited of us. My husband had gone camping many times before and was kind of done with it.
I was checking Instagram and found so many breathtaking views of fjords from people camping on the top of mountains. They inspired me to try as well. I have had some conversations with my Norwegian friends who go camping often. I got nice tips.
We checked the weather forecast and decided we could do it. It would be in the state of Telemark, which is near Oslo region. It is usually dryer than Rogaland and Hordaland. So exciting! I had butterflies in my stomach.
I started my checklist:
Food. I thought of keeping it simple. Powder Cafe Late and cocoa, oat meal for porridge, taco would make a good dinner. We could also grill hot dogs. Water, fruit and cookies.
Stuff to sleep in. Sleeping bags: check. Tent: check. Puff mattress: check.
Plus trash bags, sanitized napkins. Are we forgetting something? I don’t think so.
Now we only need to find the perfect place. We wanted the full experience, which means be completely alone in nature, not at a camping place.
A tent with a view was all I had in mind. I had no idea how many conditions to consider choosing the right place to set our tent. We wanted enough breeze to scare the mosquitoes, but not strong winds to make us freeze. A Sunny place, but not facing the early sunrise. Near the water but not on a damp soil. It has to be flat and not bumpy. How to check all this while driving through someplace we’ve never been before?
Allemennsrett. It is a Norwegian law that states that every citizen has the right to enjoy nature. We can swim in lakes, fjords and rivers. Check my bathing experience here https://makingnorwaymyhome.com/swimming-in-norway-nadando-na-noruega/ , and also go camping everywhere as long as we respect nature and don’t disturb others. If you go camping near a private property, like cabins in the mountains, you must set you tent at least 150 m away from the person’s cabin and you can’t stay there more than 48 hours.
After driving passed Seljord for about an hour, we began to worry. The sun was lowering in the horizon and still no sign of a place to set our tent yet. Finally we found it. It was an isolated beach, by a wide river. There were farms not too far away, and we could hear sheep with bells around their necks. The dream was starting to come true… but there was a surprise element.
The unpredictable weather. The weather forecast is very accurate in Norway, but there’s always a possible surprise. This time it was Sunny, no rain, but there were strong winds. I’m used to winds in Stavanger, but these were really strong. I felt like a cast member of Gone With The Wind. Seriously, it was cold and uncomfortable. No chances to eat outside or I’d eat my hair instead of the porridge. It was incredibly beautiful but we stayed mostly inside the tent. The night was full of action. I could barely sleep because the strong winds made such a noise I was afraid our tent would fly away. Suddenly I heard a dog pass by our tent barking loudly. Or was that a wolf? My heart raced. The terrain was uneven and my legs were aching. Nothing like I had imagined. The sensation I had the day after was how small we humans are compared to Mother Nature. I was silent half of the day, processing the experience.
The next day we stayed at a hotel. It was the best bed I have ever slept in. Though this experience was kind of hard, I wanted to do it again. This time, without wind. I still believed in the dream of a perfect camping night.
The second time camping in Norway. One week later, we headed to Lom, one of my favorite places in Norway. We drove for a while and decided to find a camping place nearby. Some were very crowded. Finally we found it!
Oh how lucky we were! The camping place was by a river, in a wetland that provides nesting ground for diverse birds. The owner was kind and the other campers were all families with children. We stayed at the beach until late in the evening. Despite the mosquitos, we had a great time enjoying the nature. It actually rained at night, but I slept like a log. Such a nice experience made me think that many first times can be awkward but a second time can be awesome.
A única vez em que eu acampei no Brasil foi no play to meu prédio. Eu tinha nove anos e a nossa turminha decidiu acampar. Não conseguimos convencer nossos pais a acampar com a gente na natureza. O máximo que conseguimos foi o pai da Sofia nos emprestar sua barraca e montar pra gente. Foi tão emocionante! Eu me lembro de cada detalhe. Uma das melhores partes foi a manhã seguinte, a sensação de missão cumprida, nos sentimos corajosos. Os vizinhos iam descendo pra ir pro trabalho e vinham um a um nos cumprimentar e perguntar como foi.
Já adulta e morando aqui na Noruega, fico encantada com o contato intenso com a natureza. Vi muitas fotos incríveis no Instagram de pessoas acampando em lugares lindíssimos, com vista para os fiordes. Daí surgiu minha idéia: vamos acampar também! Conversei com minhas amigas norueguesas do grupo de mães. Recebi muitas dicas úteis.
Ok, decidido. Vamos acampar nesse verão. Nossa filha já está grande o suficiente para entender e aproveitar. Eu era a mais animada da família. Meu marido já tinha acampado antes e agora prefere o conforto dos hotéis.
Aí fiz minha lista:
Comida. Simplicidade. Café Latte e chocolate quente em pó. Aveia pra fazer mingau. Dá também pra grelhar cachorro quente. Água, frutas e biscoitos. Confere.
Para dormir. Sacos de dormir, barraca, colchão de ar. Confere.
Banheiro. Saquinhos de lixo e aqueles lencinhos umidecidos.
Agora era só encontrar o local ideal.
Eu não fazia idéia de quantos itens a considerar. Um local com brisa suficiente para espantar os mosquitos, mas não vento forte a ponto de nos congelar. Um lugar ensolarado, mas não de cara pro sol invadindo às 05 da manhã. Perto da água, mas não úmido e pantanoso, nem terreno irregular pra não dar dor nas costas.
Allemennsrett. É uma lei norueguesa que garante a todo cidadão o direito de ter seu contato com a natureza. Podemos usufruir nadando nos fiordes, rios, lagos, etc https://makingnorwaymyhome.com/swimming-in-norway-nadando-na-noruega/ e também acampando em qualquer lugar, desde que respeitando a natureza e as outras pessoas. No caso das montanhas, o local da barraca precisa ter uma distância mínima de 150 metros do chalé de outra pessoa, e a permanência máxima de 2 noites.
O dia estava chegando. Checamos a previsão do tempo. Parecia ótimo. Escolhemos o estado de Telemark, perto da cidade de Seljord. É um estado que costuma ser mais seco do que Rogaland e Hordaland. Faltavam dois dias e eu já estava com frio na barriga.
Barraca com vista pra água. Próximo passo: encontrar o lugar ideal pra colocar nossa barraca. A gente queria a experiência completa: sozinhos na natureza. Eu não imaginava o quão difícil é encontrar um lugar lindo e possível para acampar. No alto da montanha ou na beira d’água? O sol estava já baixo no horizonte e a gente começou a se preocupar. Dirigimos por um lugar desconhecido, seguindo o GPS. Por fim encontramos uma praia de água doce paradisíaca. Só um probleminha: ventos fortes a ponto de eu me sentir parte do elenco de E O Vento Levou.
Sério. E olha que eu estou acostumada aos ventos de Stavanger. Era lindo e desagradável ao mesmo tempo. Chegamos quase ao por-do-sol. O rio fazia aquele barulhinho chegando à margem, pois estava agitado. As árvores balançavam tanto que dava até receio. Montamos a barraca com todas as estacas possíveis, pra fixar bem. A gente ouvia as ovelhas ali perto com aqueles sininhos no pescoço.
A noite chegou. Preferimos comer dentro da barraca porque senão eu iria comer meu cabelo em vez do mingau. O vento só piorava. Veja o lado bom: assim não tem mosquitos. Eu preferia os mosquitos. Dormir foi bem difícil. O solo era irregular, dava dor nas pernas. A ventania intensa… parecia que a barraca ia voar longe. Lá pela madrugada, eu acordei com os latidos de um cachorro que passou correndo pela nossa barraca. Ou seria lobo? Meu coração estava aos pulos. Voltei a dormir. É assim mesmo, dizem. Ninguém dorme bem acampando.
No dia seguinte, a minha sensação era de admiração. Nossa pequenez humana diante da grandeza da mãe natureza. Nós passamos e a natureza fica. Fiquei em silêncio durante metade do dia, processando essa experiência. A noite seguinte foi em um hotel. Nunca dormi em cama tão macia na minha vida.
Uma semana depois, resolvemos acampar de novo. Desta vez sem vento, decidimos. O local era perto de Lom, uma das minhas cidades favoritas na Noruega. Toda a região é deslumbrante, de águas cristalinas verde água. Depois de rodar um pouco, encontramos um camping que tinha uma atmosfera ótima, convidativa, familiar, do bem. E ainda melhor, podíamos colocar a barraca bem perto do rio. Barraca com vista. O local é uma reserva de proteção de aves e plantas. Gjeilo camping. Veja o mapa mais acima.
Que noite maravilhosa! Quanta diferença. Sem vento, tinha mosquitos, mas juro que os pernilongos noruegueses são mais fáceis de matar do que os brasileiros. Foi gostoso ficar lá fora, ao ar livre. Aproveitamos a natureza até de noitinha. Pra dormir, foi tudo mais fácil. O solo era plano e eu não tinha mais medo. Até choveu à noite, mas eu dormi feito uma pedra. Agora sim, era essa a minha idéia de acampar na Noruega. Essa experiência me fez pensar que muitas primeiras vezes na nossa vida são difíceis, mas a segunda vez pode ser maravilhosa.